Quem sou eu

Minha foto
cariacica, Espírito Santo, Brazil
Aprendiz de Teologia e Filosofia

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Niagara ou Cabernet: uma apologia à existência, sentimento e exploração

Onze de setembro de 2011. Toda mídia gastando tempo e paciência alheia para tentar convencer-nos de que os Estados (des)Unidos precisa gastar o máximo de dívisas possíveis para combater o terrorismo. Não convence. Primeiro por que o mundo inteiro, sobretudo do hemisfério-sul-explorado, já esta convencido de que a meta não é combater terrorismo, mas conseguir barris a preço de sangue. Ora, podemos lançar nossos olhares para a idéia que o EUA tem de Deus. O nome de Deus é a maior arma "sentimental" norte americana para conseguir apoio popular para matar e roubar em nome de Jesus. De qualquer forma, americanizados que somos, isto soa como um sacrilégio para tradicionais e exagero para os liberais (politicos ou não). O sentimento,é pacote de intrigas. Pelo sentimento, todo povo vê, ouve, conversa e delibera com um deus que oprime, mente e mata em nome da economia norte-americana. O que o próprio Cristo trouxe o que seria uma espécie de cristianismo, cujo pressuposto é a liberdade. Logo, se o indivíduo toma conhecimento que uma realidade opressora, seu discurso e atitude deve esforçar-se por justiça, que é a base do cristianismo. Desta forma, ele mesmo precisa dar o salto rumo a esta realidade abrangente.

Como cristãos, se é que o somos, precisamos exisitir como tal. Logo, não há espaços para sentimento de Deus (seja o deus americanizado ou mesmo europeu). Deus não traz divisas territoriais. Ele não pode ser imaginado, por quem quer que seja (doutor, mago, pastor, profeta ou apostolo), como um ser apenas transcendente que está formatado nos moldes da cultura de um país. Isto quer dizer, que, todo povo ao imaginar ou sentir o seu Deus, deve e pode fazê-lo, mas, não pode obrigar outra nação a sê-lo submisso. Isso não é um discurso contra as missões (apesar de haver nelas muita in-justiça), é o grito por liberdade. Existir é fazer imanente em nós, um Deus que não é imanente, e é. Compreender que se algum momento Ele exigiu obediência, mas em outros criticou as normas de obediência - tudo em nome da liberdade. Estamos no século da nanotecnologia, e ainda se grita um discurso medieval para oprimir. Esse comportamento é ontologicamente negativo, já que aprisiona o saber no sentimento das idéias antigas, colocando limites no ser. Isso porque, para essse tipo de cristianismo a imanencia de Deus está mumificada numa declaração de idéias que o aprisionam em troca de interesses próprios. Desta forma, existe dentro de muitos indivíduos (e não me retiro desta turma por preguiça) muitos onzes-de-setembros-individuais, onde colocamos, cada um de nós, o nosso cristianismo na pauta que nos interessa, para ganharmos a guerra que precisamos ganhar, e conquistar o que queremos conquistar, e o fazemos conscientes de que a existência que temos pode ser mudada. Desta forma, a liberdade tem cheiro de culpa também, porque sabemos que podemos existir todos os dias, e a cada dia de forma dieferente (quem sabe melhor), apegando-se a fé do livro de Hebreus, que não é, como diria Jasper, cognoscível, uma fé que não aceita roupa brasileira, europeia, nem americanizada, por que está no existir, onde estiver o homem, onde estiver a situação, ali, Deus quer tornar-se imanente, mas sem gesso, sem tortura, sem padroes, sem deixar niguém em vantagem em detrimento de outrem. Cristianismo.

"O confronto com Deus, com sua vontade e sua graça vai conscientizar o ser humano" (BRACKEMAIER, 2002, p.202), vai traze-lo a si, entorno do total ao qual é parte, mas também partícula, fazendo desta totalidade que o abrange e ao mesmo tempo o exclui, seu mundo, e mundo alheio.   Para Karl Jasper, toda vez que o indivíduo enxerga a realidade abrangente, aproxima-se de fato da transcendência, mas esta realidade não pode ser confundida com o deus caracterizado pelo sistema religioso, pois este sempre se mostrará como autoritário, dogmatizado e de certa forma, categorizado. O conhecimento desta realidade não "esgota" o Ser enquanto realidade abrangente, uma vez que esta não pode ser absorvida. Assim, Deus se mantém num "estado" de aproximação, mas também de ruptura existencial: 

No desaparece el Dios uno cando se le niega su identificación con lo uno de una realidad mundana? Se dice: el hombre sólo puede creer cuando "realiza" el objeto de su fe. Un Dios que no se torne uno, en el sentido de una realidad sensible, es para el hombre como si no fuera en absoluto: no pude ser creído y no se cree en él. (JASPER, 1968, p. 225)
Chupar uvas americanas, pensando serem de vinículas chilenas. Muita gritaria no brasil é honrada por serem discursos da "mais-autentica-hermeneutica". Não passam de uvas enlatadas. Podemos, assim pensar que, toda forma de opressão tem nascedouro principalmente na fé que não está baseada nesta realidade e faz surgir, assim um deus monstruoso, ditador e implacável, capaz de categorizar bandeiras divinizadas em nome da guerra, em nome do "sentir" que o deus de um está mais certo do que o deus do outro (mas esta é uma discussão o Uno de Karl Jasper e Heidegger), um pouco indigesto, mas desafiador, por que enquanto em Jasper o sentido do ser é a transcendência, que não tem conteúdo, na unidade da realidade abrangente, para Heidegger, o sentido do ser é o tempo. O problema está na dogmatização pressuposta no "sentimento" (digo, principalmente os dogmas importados - que são mais caros), e que não respeita nenhuma unidade racional e nenhuma forma de pensar (não deixando emegir a existência), por que já disse o que há de ser: e é implacável e cruel, apesar sacra (porque dá lucro). A boa uva você mesmo pode plantar. Alguns optam por copiar os EUA até na forma de apresentar Deus. O vinho que dá é amargo. Regram-se de luxo, riquezas em nome do deus. Preferem a niagara rosada, que dá lucro, por que o cabernet dá trabalho, não aceita enxerto, nem "macetes" para novas safras. O verdadeiro exige que a semente nasça, creça e dê fruto, depois outra semente, depois outra. Talvez este fica melhor apresentado no comungar, uma vez após a outra, um nascimento opós o outro, uma oportunidade após a outra, com selo de qualidade.


Referências Bibliográficas 

BRAKEMEIER, Gottfried. O ser humano em busca de identidade: contribuições para uma antropologia teológica. 2ª Ed. São Leopoldo: Sinodal. São Paulo: Paulus, 2002.
JASPER, Karl. Filsofia da Existência. Trad. de Marco Aurélio de Moura Matos. Rio de Janeiro: Imago, 1973.
JASPER, Karl. La Fé Filosófica ante la Revelación. Trad. de Gonzalo Diaz y Diaz. Madrid: Editorial Gredos, 1968.